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sábado, 25 de julho de 2015

Trabalho e Família

O marido chega em casa tarde da noite e encontra sua esposa quase dormindo, sentada em uma cadeira na cozinha tentando se acalmar com uma xícara de café:
- Isso são horas?
- Você sabe, querida, é o meu trabalho... – tenta se justificar.
- Mas de novo? – levanta-se a esposa – Você sai de casa, as crianças estão dormindo; chega em casa, estão dormindo também… você sabe a quantos dias elas não te vêem?
- Eu sei, eu sei, meu amor. Não pense que eu gosto dessa situação! Mas entenda, é temporário. Essa situação vai mudar, eu prometo! Afinal de contas, você tem que entender… se eu estou trabalhando tanto é por causa de vocês... por causa da minha família!
O diálogo acima poderia ter acontecido na casa de muitos de nós. O que podemos aprender com a Palavra de Deus para resolvermos esse impasse que se torna a cada dia mais freqüente e mais destrutivo em nossos lares?


A. O Lugar da Família na Vida do Cristão
Logo nas primeiras páginas da Bíblia Deus estabeleceu regras para a humanidade sem pecado se relacionar tanto com a Criação, como uns com os outros e com o próprio Deus. Para cada um destes relacionamentos, o Criador estabeleceu regras as quais damos o nome de mandatos. Um desses mandatos, portanto, tem a ver com normas quanto à convivência do ser humano em sociedade e aproximando mais nosso foco, em família. Deus disse a Adão e Eva: “Sede fecundos, multiplicai-vos…” (Gn 1.28). Quanto ao relacionamento entre marido e esposa, a Bíblia também se pronunciou: “Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” (Gn 2.24) Esse é o Mandato Social.
Essas considerações são necessárias porque o cristão não pode fabricar leis para a sua vivência familiar nem tão pouco viver o pragmatismo em seu lar, ou seja, fazer aquilo que aparentemente dá certo. O cristão deve atentar para o fato de que Deus, desde o início, se pronunciou quanto ao valor da família e como o ser humano deveria se portar em obediência diante desse assunto.
1.O Valor dos filhos – O salmo 127 diz que os filhos são “herança do Senhor” (v.3) e que o homem que “enche deles a sua aljava” (v.5) é bem-aventurado. No Salmo 128 eles são chamados de “rebentos da oliveira” (v.3). Todas as declarações dos dois salmos estão ligadas à idéia de “proteção”. Os filhos garantem a continuidade da qualidade de vida de seus pais. Eles são flechas na mão do guerreio e os que têm filhos não se envergonham diante dos inimigos. Podemos perguntar: “Que inimigos são estes?” Em uma interpretação literal, uma família numerosa representava segurança diante de uma tentativa de invasão e tomada de terras. Também no quesito trabalho os filhos eram o mesmo que ter prosperidade. Em uma sociedade rural, ter muitos filhos era sinônimo de mão de obra. Assim, mesmo na velhice, o pai tinha a garantia de que o sustento familiar seria provido. Mas podemos enxergar as declarações dos salmos de maneira figurada: os filhos são motivos de bênçãos na época em que os pais mais precisarão deles. Seguindo esta interpretação, devemos entender por “inimigos” os anos finais da vida. O capítulo 12 de Eclesiastes relata as limitações do corpo conforme os anos da velhice se aproximam. Deste modo, o corpo que na juventude é o grande aliado, com o passar dos anos torna-se cada vez mais motivo de preocupações e cuidados. Agora, em idade avançada, o ser humano luta com seu próprio corpo; tenta vencer suas limitações físicas. Em ambas as interpretações, o papel dos filhos é crucial. Tanto que eles são chamados de “rebentos da oliveira à roda da tua mesa” (Salmo 128.3) Entendamos melhor o que essa comparação quer dizer: Como não existia luz elétrica naquela época, as famílias faziam uso de lampiões. Esses lampiões eram movidos a óleo, óleo de oliveira ou, como também podemos chamar, azeite. Assim, o salmista aponta para os filhos como a fonte de luz e energia do lar. Ter uma família grande é a garantia de que os filhos poderão compartilhar uns com os outros o cuidado para com seus pais.
2. O Valor do Matrimônio – A Palavra de Deus responsabiliza prioritariamente o homem pelo sustento financeiro do lar. Deus disse a Adão: “No suor do rosto comerás o teu pão, até que tornes à terra, pois dela foste formado; porque tu és pó e ao pó tornarás.” (Gn 3.19) Por isso, podemos entender o Salmo 128 como uma distribuição de responsabilidades que vamos observar no quadro abaixo:
v.2      marido      Trabalhar para que haja comida em seu lar
v.3a    Esposa       Ser videira frutífera
v. 3b   Filhos        Serem como rebentos de oliveira

Já falamos a respeito do quer dizer “rebentos da oliveira”, vejamos, portanto, o que significa para a esposa ser chamada de “videira frutífera”. A videira produz uva e da uva se faz o vinho. Embora existam muitas passagens na Bíblia a respeito de como a embriaguez é condenada, em outras o vinho tem uma conotação muito positiva. Principalmente no relacionamento conjugal, o vinho serve de metáfora para o deleite que deve existir por parte dos cônjuges (Ct 7.8-9). Quando o salmista responsabiliza a mulher por ser “videira frutífera” para o marido na verdade ele está querendo dizer que o marido deve ansiar por voltar para casa vindo do trabalho porque sabe que quando chegar vai encontrar alguém que irá lhe satisfazer plenamente. Por outro lado, podemos imaginar também a videira como sendo capaz de dar frutos em cachos, ou seja, assim como de uma semente cachos podem ser produzidos, também uma esposa que alegra o marido é aquela que tem muitos filhos. Aliás, a ansiedade de ter muitos filhos levou muitos servos de Deus a pecarem adotando várias esposas ou concubinas (compare Deuteronômio 17.17 com 1Reis 11.1-13).
Comparando os filhos com a oliveira e a esposa com a videira o salmista revela o valor da família. Não havia nada mais importante ou caro comercialmente falando do que o vinho e o azeite. É importante que fique muito bem frisado o extraordinário valor da família, pois isso nos ajudará a ter uma compreensão melhor do papel do trabalho.

B.O Lugar do trabalho na vida do cristão
Não podemos esperar que ímpios e crentes tenham a mesma compreensão do que venha a ser a maneira correta de se trabalhar. Por isso precisamos analisar quais são as diferenças.
1. O Trabalho para o Ímpio
Na parábola do semeador, Jesus fala a respeito de um semeador que lançou a semente sobre quatro tipos de solos. Um destes solos foi descrito da seguinte forma: “A que caiu entre espinhos são os que ouviram e, no decorrer dos dias, foram sufocados com os cuidados, riquezas e deleites da vida; os seus frutos não chegam a amadurecer.” (Lc 8.14) Este grupo demonstra alguma resposta ao evangelho sem, no entanto, desenvolver a fé verdadeira. Parece que Jesus divide esses espinhos em três principais, segundo argumenta Willian Hendriksen[1]: 1º Espinho – Cuidados ou Preocupações da Vida. Esta preocupação condenada por Jesus extrapola os limites do planejamento pessoal e se traduz por ansiedade. A ansiedade é amplamente combatida pela Bíblia por ter um alto grau de destruição (Fp 4.6; Lc 12.4-12, 22-34; Mt 6.25-34; 10.19-29, 28-31). 2º Espinho – Riquezas. Embora possuir dinheiro não seja pecado, ter amor a ele é (1Tm 6.10). Jesus está condenando a busca desenfreada pelo dinheiro (Lc 12.13-21; 16.19-31; 18.18-24). 3º Espinho – Prazeres da Vida. Tanto prazeres que são nocivos em si mesmos (embriaguez, drogas, jogos e azar) quanto aqueles que são nocivos se não forem moderados (esportes, jogos, diversões). As pessoas que são atingidas por estes espinhos nunca chegam a produzir frutos verdadeiros. São, porém como Demas, segundo testemunhou o apóstolo Paulo: “Porque Demas, tendo amado o presente século, me abandonou e se foi para Tessalônica.” (2Tm 4.10a)
Jesus certa vez disse: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vier a perder-se ou a causar dano a si mesmo?” (Lc 9.25) Assim como Demas, aquele que dá mais valor ao mundo mostra que nunca foi de fato um cristão. Mas, além dessa pessoa perder a sua alma, ela perderá coisas ainda nessa vida, causando muito dano a si mesma. Não ver os filhos crescendo e não participar de sua educação são perdas irreparáveis. A sociedade atual não é muito diferente nesse aspecto do que foi o Império romano. A família da classe média romana, assim que o filho nascia, entregava-o para uma escrava porque essa seria sua ama de leite. Assim, a mãe não amamentava a criança e sim a escrava. Depois, com alguns anos de vida ainda, a criança era entregue pra um outro escravo, quase sempre grego, que seria o responsável pela sua educação. Outra vez, os pais se omitiam. O resultado disso é o que vemos nos registros históricos. Filhos que não hesitavam em assassinar seus pais para atingirem seus objetivos. Como é que laços de carinho e amor podem ser construídos sem que haja relacionamento? Por essa razão é que também podemos observar na sociedade atual, o mesmo triste fenômeno: filhos matando pais ou então os tratando como se fossem inimigos.
2. O trabalho para o Cristão
No começo da lição falamos que Deus deu três ordens para Adão e Eva, as quais chamamos de “mandatos”. Já discorremos sobre o mandato social, ou seja, a normas instituídas por Deus para que o ser humano se relacione com seus semelhantes.
Vejamos agora um segundo mandato, chamado de Mandato Cultural. Deus também deixou regras claras quanto à relação do ser humano com a natureza.
Deus, ao criar o primeiro casal, disse a ele de deveria sujeitar e dominar a Criação (Gn 1.28). Para tanto, foram postos em um jardim (Éden) para cultivá-lo e guarda-lo (Gn 2.5 e 15). É importante lembrarmos que o contexto em que se deu essa ordem foi o de um mundo perfeito no qual o pecado ainda não havia entrado. Todo trabalho, portanto, deveria ser norteado por esse tipo de prescrição divina e não pelos conceitos mundanos e pecaminosos.

C. Conciliando Família e Trabalho
O terceiro mandato instituído por Deus em Gênesis é o Mandato Espiritual, ou seja, Deus disse a Adão e Eva que era necessário que obedecessem em tudo a Deus senão morreriam: “E o SENHOR Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gn 2.16-17). O Salmo 128 começa com a seguinte afirmação: “Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos!” (Sl 128.1). Saber conciliar o lugar da família e o lugar do trabalho é uma questão de temor e obediência a Deus. Não é o mundo que vai ditar as normas de como você, cristão, deve trabalhar, mas as próprias leis de Deus. Por isso, se você diz que teme a Deus, precisa também entender quais são os objetivos do trabalho.
Glorificar a Deus. Acima de tudo, o ato de trabalhar deve ser encarado como um meio de glorificar a Deus, pois assim diz a Bíblia: “ Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus.” (1 Co 10.31) Se não houver essa prioridade, o ser humano pode se matar de tanto trabalhar que, nas palavras do Salmo 127, será tudo em vão.
Dignidade Própria. Por obedecer a Deus, o crente sente-se feliz com o fruto do seu trabalho: “Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás, e tudo te irá bem.” (Sl 128.2) Ninguém se sentirá feliz construindo uma carreira profissional brilhante deixando para traz um lar destruído.
Sustento Pessoal e Familiar. Devemos trabalhar para que haja o necessário dentro de casa. Um aparelho de DVD ou uma TV de 29’ não são o necessário. Mas o pão de cada dia e a presença dos pais junto aos filhos ou a união dos cônjuges é sem dúvida importante.

Conclusão
Os fins não justificam os meios. Se eu quero que meu trabalho seja instrumento de glória a Deus e benefício tanto pessoal bem como familiar, eu preciso fazer com que haja uma harmonia entre os fins e os meios. Certa vez, disse uma esposa: “abriria mão de tudo o que tenho de conforto e moraria de baixo de uma ponte se fosse preciso para ter meu marido mais tempo dentro de casa”. Descontando-se a emoção do momento, ela tem razão. O crente deve ter o trabalho como motivo de bênção e não segundo ditam as normas do mundo. O cristão deve sempre optar por ter uma vida mais simples dando tempo à família do que uma vida com conforto mas na prática, também sem família. Isso veremos na lição da próxima semana.

O Cristão e seu papel profético-social

Miquéias 6.1-16



O assunto justiça social é tão atual quanto polêmico.

É atual porque parece que a cada dia nosso país se distancia mais e mais de uma política social justa que visa atenuar os problemas dos mais desafortunados.

É polêmico porque muitos insistem em achar que a igreja não deve se preocupar com isso, seu papel é somente adoração. É claro que a função primordial da igreja é cultuar a Deus, mas como veremos, adorar a Deus implica em fazermos o que ele manda. A primeira delas é sermos exemplos de justiça.

Recentemente foi divulgado nos jornais um estudo sobre a distribuição de renda no Brasil. A metade mais pobre da população detém 11,6% dar riquezas enquanto os 20% mais ricos do Brasil, ficam com 63,4%. Não pense que este é o fim do mundo. Os profetas do Antigo Testamento lidavam com situações muito piores do quer esta.

Vejamos como eles tratavam o problema e como isto pode nos servir de lição no nosso contexto, de nosso país.


I. A Voz dos profetas - Denúncias

O período dos profetas no Antigo Testamento pode ilustrar muito bem a indignação de Deus em relação a injustiça social.

Dentro do ideal divino, havia lugar para todos e o respeito a certas regras de organização e conduta, que manteria o povo, de certa forma tranqüilo.

O grande problema é que o profeta começou a perceber uma grande desigualdade. O problema não era a desigualdade em si mesma. O que levou os profetas a tocar na questão foi a imensa diferença de uma classe social e a outra. Se Deus estabeleceu leis aos pobres, viúvas, órfãos, escravos, estrangeiros, é porque Deus já sabia que haveria certas diferenças, mas há diferenças que são toleráveis e suportáveis, há certas diferenças que são naturais e até necessárias, o que não pode haver, e, era exatamente a denúncia profética, é a opressão, o roubo, a indiferença, o desejo de adquirir tirando o que pertence ao outro, subornando juízes, sacerdotes, falsos profetas, etc..

Agora veremos qual foi a palavra que o profeta trouxe da parte de Deus, neste tempo de opressão social:

A. Isaías

Clamou contra a injustiça, o suborno, a maldade e a opressão destruidora, contra o próximo. Ninguém tem direito de oprimir o outro. Isaías dizia que atos como aqueles eram ofensivos a Deus. Quem tinha condições comprava a justiça, portanto, os juízes eram corruptos, o poder legislativo e executivo se deixava vender; como poderia Deus tolerar semelhante coisa? (1:15-17,23; 5:8,23; 58:6,7).

B. Jeremias

Denunciou o enriquecimento ilícito e também a opressão contra: pobres, viúvas, órfãos; também percebeu que a ambição se assenhoreava dos homens, o profeta viu o rico comprando os tribunais, viu o perverso ser justificado e o justo condenado. O profeta clama, denuncia e diz que Deus o justo juiz irá castigar todo tipo de injustiça praticada pelo homem (5:26-29; 9:2-6; 22:13-17).

C. Amós

Não se amedrontou diante das autoridades, acusou-as de conivência com as injustiças, denunciou o pecado de participarem de um sistema de vida que destruía os mais fracos, os humildes e os pobres da terra. Enquanto o império se expandia pelas mãos de Jeroboão II, os camponeses tinham de pagar o exército, o luxo e a suntuosidade da vida palaciana. Uma desigualdade tão grande que causou repugnância aos olhos do profeta. Amós denunciou, trouxe a Palavra do Senhor, não podia calar-se, ao ver tanta riqueza conseguida como fruto da violência e da exploração (3:10). Falou diante das finas damas, não poupou se vocabulário, disse que elas eram “vacas de basã” (4:1). Devido a todos os abusos cometidos contra os mais fracos, Amós se convenceu, Deus irá tomar vingança, Deus não poupará nenhum no dia do juízo (4:2,3; 8:7-10).

D. Miquéias

Se levantou como a voz de Deus e clamou contra todos os abusos cometidos pelos detentores do poder. Ele sabia dos que passavam a noite planejando o mal, para colocar em prática à luz do dia (2:1,2). Ele denunciou aquilo que foi conquistado ilicitamente, às custas da mentira, da balança falsa e da opressão, quem se enche com o sangue dos outros será destruído por Deus (6:10-13). A liderança do país estava corrompida (7:3). Miquéias vê, analisa e revela a voz de Deus. Deus irá exercer vingança contra esta forma de vida corrupta.

Apesar de serem citados apenas quatro profetas nesta sessão, o período de profecia sob a palavra deles é bastante longo. Desde 740 a.C. (Isaías) até 585 A.C. (Jeremias). Ou seja, 125 anos. Durante todo este tempo a mesma mensagem Deus enviava a seu povo por meio de diferentes profetas e o povo não se arrependeu.

II. A Voz do Povo – Reclamações

Parecia injusto aos olhos do povo uma palavra tão dura de Deus justamente em uma época de tanta religiosidade. “Que mais Deus quer de nós? Será que ele quer mais sacrifícios? O que pode saciar um Deus tão grande? Será que ele quer o meu filho mais velho como holocausto?” (Mq 1.6-7)

Puro cinismo. Achavam Deus exigente demais. Criam que sua religiosidade era mais que suficiente para agradar qualquer deus. Que direito tinha ele de querer mais? “O que é que pode saciá-lo?

Isaías foi contemporâneo de Miquéias. A mensagem de seus livros tem muita coisa em comum. Não é de se admirar então, que tenha enfrentado a mesma dificuldade com o povo. Veja Isaías 1.10-17. A coisa ia mal. Sofriam ataques dos inimigos, as colheitas eram sempre saqueadas. A reação do povo foi multiplicar sacrifícios a Deus, perseveram em orações, fazer mais festas religiosas. Faziam isso como se pudessem comprar o favor de Deus. Esforço vão. Para tudo isso Deus disse: “…a minha alma as aborrece, estou cansado de as sofrer.” (Is 1.14)

Dois profetas constataram a mesma tendência do povo de querer barganhar bênçãos com Deus e reclamar “só porque” esse Deus não se deixava comprar.

Uma questão muito importante precisa ser respondida através de nossas vidas: O que é ser crente? Será que freqüentar a igreja 2 ou 3 vezes por semana nos faz um?

Os argumentos do povo podem ser modernizados: “vou a igreja sempre, dou meu dízimo e até ofertas... o que mais Deus quer de mim?” Da mesma forma que Judá e Israel, se usarmos estes tipos de argumentos vamos estar barganhando com Deus

III. A Voz de Deus – Exortação à prática

Eles entenderam tudo errado! Deus não queria mais sacrifícios ou festas. Chega de falsa religiosidade (1 Sm 15.22; Sl 51.16-17; Ec 5.1; Os 6.6; Rm 14.17). Não adianta nada fazerem sacrifícios sem fim e ao mesmo tempo praticarem o suborno; festas junto com opressão ao pobres.

A essência do recado de Deus foi que o problema social era a prova da falsa religiosidade deles. Ou em outras palavras, melhor que tudo aquilo era ser honesto e justo, saber amar e perdoar, e ser humilde diante de Deus. (Mq 6.8) “Aprendam a fazer o bem, a ser honestos e a ajudar os pobres, os órfãos e as viúvas” (Is 1.17)

O crente quando comete injustiças sociais vai contra tudo aquilo que crê. Por vezes é difícil resistir à tentação. Afinal, muitas pessoas inescrupulosas, enriquecem rapidamente, enquanto outros que temem a Deus ,vivem somente com o necessário. Será que vale a pena ser justo? Leia Malaquias 3.13-18 e responda você mesmo a esta pergunta.


Conclusão

Como a igreja pode lidar com a injustiça social?

Em primeiro lugar, não a praticando. Como vimos, se alguém diz adorar a Deus e mesmo assim comete um monte de injustiça, essa pessoa é hipócrita, diz uma coisa e faz outra. Se quisermos mudar o padrão do mundo, temos que apresentar um padrão diferente. Nada pode ser mais eficaz e causar tanto impacto quanto um exemplo diferente!

Em segundo lugar, a igreja e os crentes podem e deve tentar amenizar o problema que no Brasil é quase generalizado. Como isso pode ser feito?

Veja alguns exemplos de atuação da igreja na área de justiça social:

a. pressão política – cobrar do governo atitudes

b. desenvolver projetos de auxílio a comunidade local mais carente. (sopão, distribuição de roupas, cestas básicas...)

Nossa igreja tem várias frentes de trabalho visando o bem social. Seja através da Junta Diaconal, departamentos internos ou de projetos especiais, você pode se engajar nessa lida também.

Torne seu evangelho prático!

Bens Materiais e Mordomia Cristã - 1Tm 6.6-10; 2Co 9.6-15

Em se tratando de bens materiais, a igreja cristã parece que vive um antagonismo. Uma parte dela entende que dinheiro tem uma importância tão grande que não mede esforços para consegui-lo; por outro lado, há aqueles que quase chagam a dizer que o dinheiro é sujo por isso devem minimizar o contato com qualquer coisa que vá além das necessidades básicas do corpo.
Nossa proposta, então, é construir uma visão correta a respeito dos bens materiais a partir das prescrições bíblicas.

A. Contentamento (1Tm 6.6-10)
O apóstolo Paulo, alertando seu jovem discípulo Timóteo disse que falsos mestres se levantariam muito mais preocupados com as riquezas que poderiam ganhar no exercício da religião do que com a pregação do evangelho. Estes, disse ele, supõe que “a piedade é fonte de lucro” (1Tm 6.5b)
Para combater esse tipo de comportamento, Paulo afirmou que esse não foi o ensinamento deixado por Jesus. Esses tais mestres, portanto, só poderiam ser falsos mestres porque suas palavras e ações em prol da obtenção dos bens matérias não eram compatíveis com as palavras e ações de Jesus.
Os falsos mestres eram materialistas. Paulo já idoso estava alertando sobre como identifica-los, mas também para que Timóteo (e a nós também) não se deixasse levar pelo mesmo caminho. De fato, no materialismo, reside uma força tentadora que pode levar o povo de Deus a cair. Esse não era um problema novo enfrentado somente por Timóteo, mas desde o Antigo testamento lidar com riquezas sempre representou uma fonte quase inesgotável de problemas para o povo de Deus. (Ver quadro “Um Problema Antigo”) Assim como os profetas do Antigo Testamento revelaram ao povo como deveria ser prudente na administração de seus bens, Paulo fazia o mesmo com Timóteo já no Novo Testamento. Todo o conjunto da Bíblia, portanto, serve para nós, cristãos modernos, como um manancial de exortações a respeito desse assunto.
Devemos entender o materialismo como sendo “a visão do mundo que coloca a acumulação de coisas materiais no ponto alto do interesse privado e corporativo. A busca da riqueza é vista como o mais alto bem no materialismo” (R.C Sproul, Discípulos Hoje, São Paulo, Cultura Cristã, 1998, p. 239)
Paulo pôde ensinar a respeito do materialismo para Timóteo com grande autoridade porque ele mesmo já havia passado por altos e baixos em sua vida ministerial no que tange ao sustento pessoal. “Tanto sei estar humilhado como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundância como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece. (Fp 4.12-13) O resultado disso foi que ele aprendeu a viver contente em toda e qualquer situação. (Fp 4.11).
O remédio contra o materialismo conforme narrado por Paulo é o contentamento ou frugalidade. Segundo o Dicionário Houaiss, a palavra frugalidade pode ser definida como “simplicidade, sobriedade de costumes, de hábitos etc.” Foram com palavras muito parecidas que Paulo orientou Timóteo: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes.” (1Tm 6.8)
A lição direta que tiramos desse texto é que devemos nos esforçar para ter o necessário. Se Deus der mais do que o necessário, devemos ficar tão satisfeitos quanto se ele mandasse somente o necessário. “…não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me o pão que me for necessário; para não suceder que, estando eu farto, te negue e diga: Quem é o SENHOR? Ou que, empobrecido, venha a furtar e profane o nome de Deus. (Pv 30.8-9)
De igual modo Jesus nos ensinou e nos prometeu que jamais nos faltaria o necessário a vida. Primeiro ele nos ensinou que deveríamos orar somente pelo “pão nosso de cada dia” (Mt 6.11). Depois, confirmou este conceito dizendo que se Deus cuida das aves do céu e das flores do campo, não deveríamos nos deixar levar pela ansiedade quando ao alimento e as vestes (Mt 6.25-34). A aflição pelas posses materiais é um comportamento típico dos gentios (Sl 73. 7 e 12), daqueles que não conhecem e não sabem que existe um Deus que zela pelo bem-estar. (Mt 6.32). Da mesma sorte alertou Isaías: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão, e o vosso suor, naquilo que não satisfaz? Ouvi-me atentamente, comei o que é bom e vos deleitareis com finos manjares.” (Is 55.2) Com certeza, em vez de termos o coração nos tesouros deste mundo (Mt 6.19), devemos tê-lo em um bem mais duradouro (Mt 6.20-21), fruto de um reino eterno (Mt 6.33).
B. Mordomia
Como as posses materiais sempre foram uma nascente de problemas para o cristão que deseja ter sucesso na obediência a Deus, um novo tipo de radicalismo surgiu na Idade Média e ainda impera na mente de muitos em nossos dias: o idealismo.
Com o intuito de não se contaminarem com o mundo e nem com os valores dessa vida muitos chegaram a admitir que qualquer tipo de posse material era maligna. Surgiram, então, movimentos como o dos franciscanos pregando a necessidade de se viver em monastérios, ou seja, uma tentativa de se excluir desse mundo.
Percebemos com muita clareza através das páginas das Escrituras que o objetivo de Deus para os seus filhos nunca foi isolá-los do mundo. Jesus disse: “Não peço que os tires do mundo, e sim que os guardes do mal.” (Jo 17.15) Em grande parte de sua Oração Sacerdotal (Jo 17), Jesus se preocupou em interceder por seu povo que está no mundo, mas não é desse mundo;. ou seja, por justamente saber de todas as nossas dificuldades, ele pede ao Pai por nós porque temos a obrigação de viver os valores do Reino de Deus em um mundo que “jaz no maligno” (1Jo 5.19).
Podemos dizer, então, que no que se refere a posses, o padrão do Reino de Deus é abstenção total delas? Claro que não. Eis 2 motivos:
1. Porque Deus é o possuidor de todas as coisas
O rei Davi, ao consagrar todas as ofertas destinadas para a construção do Templo de Jerusalém, disse: “Teu, SENHOR, é o poder, a grandeza, a honra, a vitória e a majestade; porque teu é tudo quanto há nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino, e tu te exaltaste por chefe sobre todos. Riquezas e glória vêm de ti, tu dominas sobre tudo, na tua mão há força e poder; contigo está o engrandecer e a tudo dar força. (1 Cr 29.11-12). Não Podemos nos esquecer que tudo o que existe foi criado por Deus e a opinião dele sobre sua obra está registrada: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom.” (Gn 1.31a). Por isso sempre que o ser humano tenta de alguma forma dar mais valor ao que foi Criado do que ao próprio Criador, Deus faz lembrar que tudo o que existe é dele, como aconteceu no caso da soberba do rei Nabucodonosor (Dn 4) ou dos hebreus sob a profecia de Ageu (Ageu 2.8); afinal, “ao SENHOR pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.” (Sl 24.1)
2. Porque Deus instituiu o ser humano como administrador
Deus, sendo criador e possuidor de todas as coisas, pode dispor de seus “bens” da forma como melhor lhe apraz. Deus deu uma ordem específica no Éden para que o ser humano cuidasse da criação e Ele nos instituiu como vice-gerentes dela. Esse é o melhor sentido para a palavra “mordomia” – aquele que cuida de algo que não é seu. Tudo vem de Deus, já sabemos disso: “… pois ele mesmo é quem a todos dá vida, respiração e tudo mais.” (At 17.25a)
A maior dificuldade está na definição de posse. Afinal de contas, você é possuidor de algo, como uma casa, carro, bicicleta… nem que seja um palito de sorvete, você possui alguma coisa. Ricos ou pobres devem se lembrar que “possuir de fato” é algo que não existe para o ser humano. Toda a riqueza que hoje está nas mãos de alguém, ontem esteve nas mãos de outros e amanhã, de um terceiro. Pela própria finitude e mortalidade humanas, não conseguimos e jamais conseguiremos possuir algo em definitivo que seja deste mundo. Nada é nosso, mas o que “temos” está conosco. Só um pode dizer que “tem” e esse é o próprio Deus. Tudo o que está em nossas mãos e muitas vezes arrogantemente dizemos que “é nosso”, na verdade é de Deus. Está comigo para que eu cuide bem e depois preste conta da maneira que trabalhei aquilo que me foi confiado (Mt 25.14-30).
O conceito de mordomia nos responsabiliza a trabalhar aquilo que Deus tem confiado a nossas mãos de maneira inteligente. Há cristãos que entendem que não seja certo o uso de uma caderneta de poupança, por exemplo. Essa opinião, mesmo que proferida com as melhores das intenções, se choca com o ensinamento bíblico. Na parábola do semeador, Jesus legitima o uso de um banco para que o dinheiro não se desvalorize (Mt 25.27). Isso é feito não porque o servo ama o dinheiro e sim porque ele quer cuidar da melhor forma possível daquilo que lhe foi deixado nas mãos pelo seu Senhor. Ele ama o seu Senhor mais do que todas as coisas (Dt 6.5; 11.1; Mt 22.37). Mais do que o próprio dinheiro.
C. Generosidade (2Co 9.6-15)
O bom mordomo deve demonstrar amor ao seu Senhor obedecendo-o em suas recomendações sobre como cuidar dos bens que temporariamente estão com ele. Deus disse que uma das maneiras de usar nossas posses seria na assistência aos necessitados. Afinal, o amor a Deus está diretamente ligado com o amor ao próximo (Lc 10.27; 1Jo 4.20).
O apóstolo Paulo entende essa conexão que existe entre servir a Deus e ao próximo e detalha ainda mais o conceito: “enriquecendo-vos, em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus. Porque o serviço desta assistência não só supre a necessidade dos santos, mas também redunda em muitas graças a Deus,” (2 Co 9:11-12)
Em outra oportunidade, quando Paulo recebeu uma oferta dos irmãos filipenses ele se demonstrou alegre mais pelas bênçãos advindas do relacionamento daquela igreja com Deus do que pela oferta em si (Fp 4.17).
O dever de ajudar não pertence somente ao rico – se bem que este tem mais responsabilidade nesta tarefa – mas a todos, mesmo os mais pobres (2Co 8.1-6).
Conclusão
O resultado de uma boa visão sobre a administração daquilo que nos é confiado por Deus está em primeiro lugar em poder obedecê-lo e agradá-lo. Mas Deus é tão gracioso que na obediência a ele nós recebemos bênçãos sem medida. Como cristãos temos que aprender a viver mais gratos pelo que temos e dispostos a abrir nossa mão para ajudarmos uns aos outros, pois se assim procedermos, Deus também abrirá sua mão para nós, mas com uma grande diferença: a mão de Deus é infinitamente maior do que a nossa.
“E isto afirmo: aquele que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia com fartura, com abundância também ceifará.” (2 Co 9.6)

JESUS ENSINOU QUE TODA CRIANÇA É PURA?

"Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus." (Mt 18.3)


Esse é um clássico exemplo de um texto interpretado fora do seu contexto. O resultado, na maioria das vezes, não poderia ser outro, que não a interpretação de que as crianças são moralmente puras e inimputáveis quanto ao pecado.

A Igreja Católica ajudou bastante nisso, quando popularizou a “idade da razão”, época na qual a criança passaria a ser culpável por suas obras. Segundo eles, isso se daria por volta dos sete anos e, se morresse antes disso, iria para um lugar chamado Limbo, uma espécie de jardim da infância do purgatório.

Claramente a Bíblia não concorda com essa conclusão. Vejamos alguns argumentos:
   Davi disse que nasceu em iniquidade e que foi concebido em pecado (Sl 51.5), o que é o mesmo que dizer que a presença do pecado na vida do ser humano é desde sempre.
   Paulo afirma que a morte é a “recompensa” pelo pecado (Rm 6.23); do que se conclui que se uma criança não fosse pecadora, ela não poderia morrer, pois a morte é a consequência direta do pecado.
   Acrescenta-se ainda as várias referências bíblicas sobre a necessidade de intervenção no comportamento da criança através do ensino (Dt 6.6-7; Sl 78.3-4) e da disciplina (Pv 13.24; 22.5; 29.15). Ora, se o que fazem de errado não é fruto do pecado, para que então ensiná-las e discipliná-las?
   Considerar uma criança espiritualmente pura, significa atribuir-lhe mérito em sua própria salvação. É o mesmo que dizer que elas não precisam de Jesus pois podem salvar a si própria.

De fato, a criança desde muito pequena, demonstra a presença do pecado em sua vida. A despeito de tanta fofura, elas também são capazes de fazer birra, desobedecer e expressar descontentamento até com tapas. Pais e mães conhecem bem esse tipo de comportamento.
Então o que Jesus quis dizer com “se tornar como uma criança” para entrar no Reino dos céus? A solução passa por uma boa análise do contexto: os discípulos discutiam entre si sobre qual deles seria o maior no Reino, o que faz com que Jesus dramatize uma parábola viva diante dos seus olhos. Ele chamou uma criança e a pôs na roda dos discípulos, destacando características comportamentais inatas das crianças e que deveriam acompanhar todos os que se dizem discípulos de Cristo. No verso seguinte Jesus detalhou sua intenção em fazer essa comparação: "Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus." (Mt 18.4). Humilhar-se, portanto, significa imitar uma criança no que tange a “simplicidade, franqueza, obediência, modéstia, humildade, confiança e fragilidade” (Hendriksen). Os discípulos estavam no caminho errado, pois é o mundo que procura a glória, o poder e a ostentação; exatamente o contrário daquilo que uma criança representa.
Essa polêmica passagem de Mateus, portanto, não se propõe a ensinar a natureza imaculada da criança e sim, sobre as marcas fundamentais daqueles que Jesus chamou. Se a criança não for vista como pecadora, não haverá lugar para a Graça em sua vida, pois a redenção em Cristo só tem sentido para os mortos espiritualmente (Ef 2.1), independentemente da idade.